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domingo, 12 de setembro de 2010
Navegando pelas savanas centrais...
A vida corre mais rápido que os dedos no teclado... E nas ultimas semanas muita coisa tem acontecido sem que eu pare pra contar.
Nesta noite de domingo escrevo de Natividade, sul do estado de Tocantins, região onde começam as Serras que enfeitam o noroeste de Goiás. Saindo da lan house eu olho pros morros em frente e vejo uma linha brilhante, que eu calculo ter mais de 20 km de comprimento. É o fogo consumindo o cerrado. A cena tem sido comum: desde o sul do estado do Piauí tenho visto centenas de quilmetros de cinzas e toneladas de fumaça subindo. Só aqui no Tocantins está sendo observado um aumento de mais de 5 vezes na área queimada em relação ao ano passado. Consequencia do inverno magro deste ano, pouca chuva, tudo seco. E as perspectivas não são boas para o próximo.Confesso que é mais fácil digerir os números no telejornal do que as sensações que se tem ao andar entre as árvores queimadas ou ver o fogo avançar violentamente sobre áreas enormes e lindas.
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Para vir parar aqui saí do Guriú há dez dias, de carona com o papai que veio do sudeste visitar o filhão. Depois de algumas milhas velejadas com o violento leste desta época do ano partimos para o sul, cortando o Brasil central. Até agora estivemos no sul do Piauí e Maranhão. A idéia é continuar descendo para o sul, a próxima parada será a Chapada dos Veadeiros. Depois parto pra uma temporada no abençoado estado de Minas Gerais, papai volta pra sampa e eu sigo pra Serra do Cipó com uma companhia bem menos barbuda que o coroa... O destino final da etapa continental do Navegando? As cabeças da Patagônia chilena... E depois mais um pouco de vela, sol e mar na Terra da Luz. Antes que alguém me mande trabalhar aviso que estou descobrindo que trabalho é um conceito muito amplo, não podemos reduzi-lo à troca que usualmente se faz entre dinheiro e coisas chatas de fazer...
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Pouca gente sabe mas a savana brasileira, o Cerrado, começa já no sul do Piauí e Maranhão, e em grande estilo. Aqui o cerrado aparece em todas as suas caras (campos, savanas, matas de cerradão), sobre planícies e pendurado nas serras, sobre areia e sobre rocha. Nas matas de galeria que crescem junto aos rios encontrei ontem árvores que ultrapassavam os 20 metros de altura, perfeitamente retilíneas. Em outras regiões nunca vi passarem de 10.
Descobri também as intenções separatistas dos maranhenses desta região: é o Maranhão do Sul, que de fato tem muito mais a ver com o sertanejão de Goiás do que com o reggae de São Luís. São raros os negros na população, predominando os traços indígenas. As diferenças seguem na culinária, sotaque, ecologia e cultura material.
Lá no Ceará já eram frequentes os carros de som com as musiquinhas dos candidatos, aproveitando a melodia de algum dos vários sucessos do (neo)forró cearense. No Maranhão do sul também tinha candidato com musiquinha de forró, mas a maioria já estava adotando o sertanejo. Mas como afinal de contas estamos no Maranhão (ainda que do sul), apareceu um candidato a deputado estadual com uma levada mais reggae, que pegou uma do Bob, deu um tapinha na letra e mandou o som na caixa, heroicamente rebocada por uma valente bicicleta pelas ruas de Riachão...
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Um comentário:
Fala Rafa ! Cara que mudança de ares...Tem que por essas estórias em um livro ! Abs
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