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sábado, 9 de abril de 2011

Entre praias e flores, a sureños 5 grados...



As tonalidades quentes do entardecer que iluminava o vale do Colchagua, berço de vários vinhedos chilenos e de uma beleza rara para meus olhos tropicais, contrastavam com o frio da atmosfera e da inquietação por chegar,(bem) acompanhado por sinal, a um destino desconhecido na escuridão da noite, sem saber onde dormir nem o que comer. O povoado de Bucalemú, banhado pelo Pacífico sul, era mais uma das apostas cegas feitas a partir de mapa e intuição. Responsabilidade em encontrar abrigo e alimento para uma noite que prometia temperaturas próximas do zero.
A vila fica no extremo sul de uma sequencia de concorridos balneários na costa sul chilena. Evidentemente frequentados no verão, quando, com sorte, as temperaturas avançam além dos 20 graus. Neste começo de primavera era até possível que víssemos a praia iluminada pelo sol, mas o banho de mar teria que esperar pelo retorno às calientes aguas atlanticas.. O isolamento, o pequeno tamanho e a topografia e contexto local estimularam o ataque ao litoral na descida que faziamos para o começo da Patagônia.
Pois vencemos a aposta. O belo e florido entardecer no vale do Colchagua foi sucedido por um amanhecer em um bucólico e colorido vilarejo à beira mar, de longas praias de areias negras, recortadas por igualmente negros rochedos e costões, e flores, muitas flores. E um vento frio, molhado pela maresia, que intensificava o frios dos já frios 5 graus daquela manhã de quarta feira e reforçava a beleza exótica que os olhos viam. Além das flores, gigantescas algas repousavam à beira mar, à espera dos pescadores que em breve as recolheriam para venda a mercados locais e evidentemente aos mercado japones também.
Além de temperar o vento, o nutritivo Pacífico também alimentou nossos corpos: suculentas postas de peixe fresco nos surpreenderam em um jantar no único e pequeno restaurante aberto no gelado desembarque daquele começo de noite. Do restaurante direto para o hotel, também único e com o igual charme decadente das coisas feitas à moda antiga. No fim, como sempre, deu tudo certo, e muito certo. Depois da cena, do excelente vinho local e de um postre à moda antiga (dulce de higos verdes con crema !), a oferta habitual nas casas de refeção em Bucalemú, amavelmente dita pelas prestativas senhoras que nos serviram: Un bajativo por cuenta de la casa ?