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segunda-feira, 26 de julho de 2010

E la nave va...


Depois de algumas boas milhas velejadas em uma ensolarada manhã de domingo senti o casco arrastando no fundo e as velocidade caindo rápido no GPS: surpresa, um banco de areia apareceu embaixo do meu barco! Esse litoral é realmente um mistério, e entrar e sair pelas barras na maré seca ou vazante é certeza de emoção.
A areia aqui é sempre abundante e soberana, nas dunas e no fundo do mar, e assim como as dunas seguem o capricho dos ventos o relevo submarino é moldado pelas correntes marítimas e pelos rios que chegam. Por exemplo, a areia vai se acumulando ao longo da foz mar adentro, produzindo canais e bancos de areia. Essa dinâmica é muito ágil, em poucas semanas canais podem mudar de lugar e as "croas" (bancos de areia) podem aparecer e desaparecer. Esse movimento é atentamente observado pelos povos do mar e presença certa nas rodas de conversa: na última o seu Zé contava que quando ele era jovem o mar batia na porta da casa dele, e hoje são dez minutos "de pés". O rio que desemboca na praia onde ele vive (Praia do Monteiro) foi despejando areia ao longo do tempo e construindo novas áreas, que por sua privilegiada localização às margens do mar e do rio foram prontamente ocupadas por novos moradores e barracas de praia.Inclusive a barraca onde ele me contava esta histórica estava justamente sobre a parte mais jovem destas novas áreas.
......
Tive sorte e encalhei em águas relativamentecalmas. Um evento de encalhe como esse, am águas agitadas, pode destroçar qualquer embarcação. O balanço das ondas, quando as águas estáo rasas, levanta o casco, que despenca e bate com todo o seu peso sobre sobre o fundo. O resultado pode ser a abertura das costuras da calafetagem do casco, e ai a água entra, ou a destruição total da nave. No domingo quando a maré começou a encher foi meio tenso, quando o casco começou a bater no fundo me lancei à água pra empurrar a proa sobre o banco a cada onda que a levantava para que ela pousasse um pouco mais suavente. Experiencia interessante esta, meia tonelada de madeira e ferro arfando a cada onda, eu com água no peito amparando a proa pra amenizar a queda. Segurei o que pude pra deixar a maré encher o máximo possível. Já tinmha deixado tudo arrumado pra partir à pano, aí quando não dava mais foi só alegria, com mais uma meia hora de vela cheia eu ja estava fundeado na Croa Grande.
Nas várias horas de espera no seco deu tempo pra tudo: fazer a barba, reparos na embarcação, preparar o almoço, tomar água e comer um coco e receber a visita de um pescador que encalhou algumas centenas de metros de mim.

Um comentário:

Unknown disse...

Que aventura esse momento, não?!